VIº DOMINGO DA PÁSCOA
1. Introdução
Estamos chegando ao fim de nossa caminhada neste tempo litúrgico Pascal. Vamos começar um novo momento na liturgia. Daqui a pouco ouviremos os adeuses de Jesus, estaremos na expectativa do Espírito Derramado e vamos continuar remando. Mais ou menos como na exclamação de Samuel: “... até aqui nos ajudou o Senhor”. (I Sam 7,12). Mais ou menos porque sabemos que Ele não nos deixa “ao Deus dará”. Ele nos toma pela mão, Ele nos conduz, Ele nos dá seu Espírito, Ele está no meio de nós. Chegou a hora de entendermos que as coisas a serem assumidas devem ser assumidas na comunhão, diante da realidade que nos cerca. Não adianta muito teorizar. É preciso por em prática as propostas do Ressuscitado. Pés no chão.
2. “Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” (Jo 14, 27)
O texto está dentro do chamado primeiro discurso de adeus ou da consolação. São aconselhamentos para que sejam seguidos depois da partida. A proposta é de encorajamento. Jesus sabe o que vai enfrentar. Jesus sabe o que vamos enfrentar. Por isso é preciso guardar a sua palavra, aguardar o Espírito Consolador, acolher a paz no meio de toda essa turbulência. E ter a certeza em nosso coração: “Vou, mas voltarei a vós.” (Jo 14, 28)
3. “Porque decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo,...” (At 15, 28)
A organização da Igreja enfrenta o primeiro grande conflito. Manter as tradições dos judeus ou abrir mão de tudo para acolher os pagãos convertidos? A questão básica é ser fiel à unidade, manter a comunhão. Não poderia existir cristão de primeira categoria que veio do judaismo e de segunda categoria que veio do paganismo. Pés no chão! O que se quer é autenticidade. Afastar-se daquilo que é do mundo. E os apelos do mundo hoje são constantes: são os chamados contra valores do Evangelho. Agir na liberdade dos filhos de Deus (cf Rom 8, 21) e não na busca de “valores” que não estão em sintonia com o Reino. Basta lembrar as propostas da CF/2010 – Economia e Vida – “Voces não podem servir a Deus e ao Dinheiro”. (Mt 6, 24)
4. Mostrou-me a cidade santa, Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus,... (Ap 21,10)
A bela proposta de Apocalipse nos sugere a necessidade de já construirmos aqui uma cidade onde haja condições de Vida. Na verdade não uma cidade, mas o Reino de Deus implantado entre nós. A luz é Jesus. O templo é Jesus. As leis que regem esta nova condição nem estão lá no alto (inalcançável) e nem nas condições puramente humanas (cheia de contra valores). É obrigação nossa construir essa nova realidade, de acordo com o traçado de Deus.
5. Conclusão
A liturgia de hoje nos sugere por mãos à obra. Como os Apóstolos: sair de Jerusalém, enfrentar os desafios e espalhar a Boa Nova do Reino para as atuais Frigias, Panfílias, Antioquias, Sírias, Cilicias... Nossa Pastoral da Cidade quer de nós um novo modo de enfrentamento. Não mais judeus circuncidados e pagãos neo-convertidos, mas desafios ainda maiores. Pés no chão. Conosco caminha, para nos ajudar a enfrentar as tempestades o Espírito Prometido. Não estamos sozinhos!
Fonte:Mons. Antonio Romulo Zagotto
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