12/07/2010

RETRATO FALADO - .XV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Introdução.
A cada Domingo nos encontramos com o Ressuscitado e com nossos irmãos e irmãs. Com esse grupo seleto com quem convivemos parece ser fácil partilhar e conviver. Nossas relações, dentro da Comunidade são facilitadas pela rapidez do encontro e pelo descompromisso de uma convivência mais prolongada. A Comunidade artificial na qual convivemos, cantamos, rezamos, nos cumprimentamos não cria laços de fraternidade, partilha e solidariedade. Saímos daqui e nos tornamos desconhecidos, continuando a viver a nossa vidinha...

No nosso alcance. Ao contrário, esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir. (Dt 30, 14)
Deus quer fazer o povo seguir os mandamentos. Coisas simples e possíveis para qualquer ser humano. Deus não exige de nós coisas impossíveis. “... não é difícil demais e nem está fora do teu alcance.” (Dt 30, 11). Jesus mesmo vai dizer que os mandamentos todos se resumem de uma maneira prática e sintética: “Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos.” (Mt 22, 37-40). Basta isso!


Cristo imagem de Deus. Próximo imagem de Cristo. “Cristo é a imagem do Deus invisível.” (Cl 1, 15).
Gosto de parafrasear a palavra de Jesus para Filipe: “Faz tanto tempo que estou no meio de vocês, e você ainda não me conhece, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que você diz: ‘Mostra-nos o Pai’?” (Jo 14, 9). QUEM ME VIU, VIU JESUS? Se Jesus é a imagem do Pai, e se o próximo é a de Jesus, necessariamente devemos ver Jesus nos outros. E também nós devemos retratar Jesus.


Retrato falado. “E quem é o meu próximo?” (Lc 10, 29)
O terceiro texto é o belo texto da parábola do Bom Samaritano: “Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e teve compaixão.” (Lc 10,33) O sacerdote passa de nariz empinado e vai para o templo. O levita a mesma coisa. O samaritano não! Teve compaixão. Larga seu projeto e se mistura ao homem todo quebrado. Que nem conhecia! Cuida primeiro daquele lascado da vida e só depois de tudo acertado continua sua viagem. Um comentário sobre o verbete compaixão me chamou a atenção. Alguém escreveu: “Ter compaixão é jogar-se na lama com aquele que está todo enlameado.” Penso que resume bem o que é ter compaixão. Fazer como Deus. Enlameou-se com a nossa lama: desceu, esvaziou-se, teve compaixão. Que seria de nós se Ele não tivesse tido compaixão de nós? E quantos que precisam que também nós tenhamos coragem de padecer com eles. Padecer juntos. Muitas vezes sem dizer nada. Apenas estar presente no momento da dor. Ser presença. Isso basta! Saber que alguém está comigo no momento em que mais preciso será consolador. Vamos descer, vamos nos esvaziar, vamos ter compaixão. O mundo será diferente. Nós seremos diferentes!

Conclusão.
A Palavra de Deus nos mostra o caminho para o outro. Num mundo onde se preconiza o egoísmo, o fechamento, o individualismo, Jesus vem propor uma nova maneira de se viver. Tenho dito nas Comunidades que o modo de viver do mundo é assim: tenho um pão e esse pão é só meu. O modo de viver do cristão é diferente: tenho um pão e esse pão é nosso! Repartido, partilhado, solidarizado... Se vivêssemos assim o mundo seria diferente.


Fonte: Mons. Antonio Romulo Zagotto

catedral@dci.org.br

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