26/07/2010

DISCÍPULO ORANTE. XVIIº DOMINGO DO TEMPO COMUM

Introdução.
Nosso encontro com o Ressuscitado, neste Domingo, nos leva a entender que ainda temos que aprender muito do Mestre. Jesus nos leva a entender a necessidade de aprendermos. Aprender como discípulos. Na escola d’Ele. Como a discípula Maria, de domingo passado. Sentados aos seus pés. O discipulado primeiro para a ação depois. Os grandes seguidores vivenciaram a experiência da contemplação e da oração. Jesus mesmo dá o exemplo. E assim estimula seus seguidores: Ensina-nos! (Lc, 11,1). Este deve também ser o nosso pedido.

Rezar, rezar e rezar... “Que o meu Senhor não se irrite, se eu falar” (Gn18, 32).
O poder da oração move o coração de Deus! A exigência de Deus é que haja um grupo de justos no meio do povo. Ser justo para a Bíblia significa ser santo. Os que estão em sintonia com o coração de Deus. Em outros textos Deus vai exigir um numero menor dos que os dez de Abraão. No final basta o Justo por excelência: JESUS. Sua oração definitiva na cruz salva toda a humanidade.

Conta cancelada. “Deus vos trouxe para a vida, junto com Cristo e a todos nós perdoou os pecados.” (Cl 2, 13).
Não temos mais dívidas para com Deus. Pelo Batismo fomos sepultados e ressuscitamos. Estávamos mortos e temos vida. Éramos devedores e agora temos nossa dívida cancelada. Jesus é o nosso Salvador. Na cruz a humanidade toda foi pregada para da mesma cruz sair liberta. Os paradoxos – morte x ressurreição, pecado x graça, escravos x livres, tão presentes no batismo se mostram reais na nossa vida: homens novos, criaturas novas.


Ensina-nos. “Pedi e recebereis” (Lc 11, 9).
Jesus não quer ensinar uma fórmula ou um método para rezar, mas nos ensina a necessidade de nos aproximar de Deus. Ele é nosso Pai. Pai, pão e perdão. Três dimensões que deverão estar sempre presente em nossas orações. Tudo isso na dimensão do Reino: Pai - um Deus próximo de nós; Pão – basta o necessário para cada dia; Perdão – somos irmãos e irmãs.

Conclusão.
As relações descritas no Evangelho ao se fazer os pedidos são de amigo para amigo e de pai para filho. Abraão conversa com Deus como se conversa com um amigo. Nós vamos estar em sintonia com Deus se tivermos esta relação de amigo e de filhos. Deus vai estar atento aos nossos pedidos e por meio de Jesus vai ouvir nossas preces.

Mons. Antonio Romulo Zagotto

catedral@dci.org.br

19/07/2010

MINHA CASA, SUA CASA. XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM.

Introdução.
Mais uma vez vamos celebrar a Páscoa Semanal do Senhor Jesus. Reunimos-nos para ouvir a Palavra e receber o Alimento. Ao invés de acolher o Senhor em nossa casa é Ele quem nos acolhe. E nesse aconchego aprendemos a necessidade de também acolher o outro. Mesmo desconhecido. Andarilhos, excluídos, os sem teto...

2. Hospitalidade. "Meu Senhor, peço-te que não prossigas viagem, sem parar junto a mim, teu servo. (Gn 18, 3)

A tenda de Abraão e Sara se coloca aberta para acolher. Os três desconhecidos são acolhidos com o que se tem de melhor: água para lavar os cansados pés, pão de farinha fina, carne de novilho tenro, coalhada, leite... “Não vos esqueçais da hospitalidade pela qual alguns, sem saber, hospedaram os anjos”. (Hb 13, 2). Em recompensa receberam a promessa de um filho, Isaac, o filho da promessa.

3. Vivência. “O mistério escondido por séculos e gerações, mas agora revelado aos seus santos. (Cl 1, 26)

Paulo acolhe a proposta de Deus em seu coração. Mas não guarda para si. Quer comunicar esse tesouro a todos. Enfrenta desafios. Sofre para dar conta de sua missão. Tudo em solidariedade para com a Igreja. Não basta teorizar! É preciso colocar em prática nosso cristianismo.

4. Melhor parte. “Marta, recebeu-o em sua casa. Maria escolheu a melhor parte.” (Lc 10, 38.42)

A proposta não é colocar Marta e Maria se digladiando. O pano de fundo está na novidade do Reino. A liberdade da mulher em também ser discípula. Jesus vem trazer uma proposta nova. Não os costumes da tradição que ainda hoje prevalece: “lugar de mulher é na cozinha!”. Lugar de todos nós é ser discípulos. Muito em sintonia com Aparecida: discípulos/missionários.

5. Conclusão.

Cada um de nós é chamado a colher. E ser acolhido. Ouvir e servir. Juntar as duas propostas e fazer de nossa ação uma mudança de paradigmas. O mundo hoje precisa entrar em sintonia com as linhas do Reino. E somos nós os encarregados de fazer valer o que o Reino pede a todos. Abertos ao acolhimento. Abertos ao ser missionário. Abertos à não exclusão. Todos discípulos/missionários.

Fonte:Mons. Antonio Romulo Zagotto

catedral@dci.org.br

12/07/2010

RETRATO FALADO - .XV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Introdução.
A cada Domingo nos encontramos com o Ressuscitado e com nossos irmãos e irmãs. Com esse grupo seleto com quem convivemos parece ser fácil partilhar e conviver. Nossas relações, dentro da Comunidade são facilitadas pela rapidez do encontro e pelo descompromisso de uma convivência mais prolongada. A Comunidade artificial na qual convivemos, cantamos, rezamos, nos cumprimentamos não cria laços de fraternidade, partilha e solidariedade. Saímos daqui e nos tornamos desconhecidos, continuando a viver a nossa vidinha...

No nosso alcance. Ao contrário, esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir. (Dt 30, 14)
Deus quer fazer o povo seguir os mandamentos. Coisas simples e possíveis para qualquer ser humano. Deus não exige de nós coisas impossíveis. “... não é difícil demais e nem está fora do teu alcance.” (Dt 30, 11). Jesus mesmo vai dizer que os mandamentos todos se resumem de uma maneira prática e sintética: “Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos.” (Mt 22, 37-40). Basta isso!


Cristo imagem de Deus. Próximo imagem de Cristo. “Cristo é a imagem do Deus invisível.” (Cl 1, 15).
Gosto de parafrasear a palavra de Jesus para Filipe: “Faz tanto tempo que estou no meio de vocês, e você ainda não me conhece, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que você diz: ‘Mostra-nos o Pai’?” (Jo 14, 9). QUEM ME VIU, VIU JESUS? Se Jesus é a imagem do Pai, e se o próximo é a de Jesus, necessariamente devemos ver Jesus nos outros. E também nós devemos retratar Jesus.


Retrato falado. “E quem é o meu próximo?” (Lc 10, 29)
O terceiro texto é o belo texto da parábola do Bom Samaritano: “Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e teve compaixão.” (Lc 10,33) O sacerdote passa de nariz empinado e vai para o templo. O levita a mesma coisa. O samaritano não! Teve compaixão. Larga seu projeto e se mistura ao homem todo quebrado. Que nem conhecia! Cuida primeiro daquele lascado da vida e só depois de tudo acertado continua sua viagem. Um comentário sobre o verbete compaixão me chamou a atenção. Alguém escreveu: “Ter compaixão é jogar-se na lama com aquele que está todo enlameado.” Penso que resume bem o que é ter compaixão. Fazer como Deus. Enlameou-se com a nossa lama: desceu, esvaziou-se, teve compaixão. Que seria de nós se Ele não tivesse tido compaixão de nós? E quantos que precisam que também nós tenhamos coragem de padecer com eles. Padecer juntos. Muitas vezes sem dizer nada. Apenas estar presente no momento da dor. Ser presença. Isso basta! Saber que alguém está comigo no momento em que mais preciso será consolador. Vamos descer, vamos nos esvaziar, vamos ter compaixão. O mundo será diferente. Nós seremos diferentes!

Conclusão.
A Palavra de Deus nos mostra o caminho para o outro. Num mundo onde se preconiza o egoísmo, o fechamento, o individualismo, Jesus vem propor uma nova maneira de se viver. Tenho dito nas Comunidades que o modo de viver do mundo é assim: tenho um pão e esse pão é só meu. O modo de viver do cristão é diferente: tenho um pão e esse pão é nosso! Repartido, partilhado, solidarizado... Se vivêssemos assim o mundo seria diferente.


Fonte: Mons. Antonio Romulo Zagotto

catedral@dci.org.br

05/07/2010

ENVIADOS AO ANÚNCIO.XIV DOMINGO TEMPO COMUM

1.Introdução.O tema deste domingo é atualíssimo. Somos chamados a ser discípulos/missionários. A Conferência de Aparecida nos acenava para isso. A Igreja do Brasil nos acena para isso nas novas Diretrizes. Nossa Diocese nos fala da centralidade da Palavra de Deus, com seus desdobramentos na missão e no serviço da caridade. Nosso Regional II, por meio do Projeto Anjo faz um apelo à missão, pontual e permanente, como uma das propostas de reavivamento de nossas Comunidades Eclesiais.

1.Construção lenta. “Eis que farei correr para ela a paz como um rio.” (Is 66, 12).Depois da volta do Exílio da Babilônia se faz necessário reconstruir Jerusalém e o templo. Mas a coisa é difícil. Muita pobreza. Muita invasão inimiga. Muita discórdia entre o povo... Neste quadro de restauração, o objetivo fundamental do profeta é “consolar” esse povo martirizado, sofrido, angustiado, que não vê grandes perspectivas de futuro e já perdeu a esperança. O profeta vem plantar esperança no coração do povo. A promessa é para aqueles que confiam no Senhor e para os que acolhem sua mensagem. “Tudo isso havereis de ver e o vosso coração exultará, e o vosso vigor se renovará como a relva no campo.” (Is 66,14).

1.Anunciar a cruz. “Trago em meu corpo as marcas de Jesus.” (Gl 6, 17)Aos que queriam um outro projeto Paulo anuncia a cruz. Não ficar mais ligado ao passado (circuncisão). Criação nova! Criaturas novas! Homens novos! Expressões tão caras a Paulo que nos incentivam a continuar a enfrentar os desafios. Paulo não tem medo de apresentar a cruz de Jesus. Ele mesmo sentindo na carne as marcas da paixão de Jesus. Não podemos desanimar. Também nós marcados pelo sinal da cruz (batismo) devemos levar adiante as propostas do Reino.

1.Todos chamados. “A vossa paz repousará sobre ele.” (Lc 10, 6)Messe grande. Operários poucos. Não é um pequeno grupo que é enviado. Setenta e dois. Número alusivo a Gn 10 (na versão grega do Antigo Testamento), onde esse número se refere à totalidade das nações pagãs que habitam a terra. Significa, portanto, que a proposta de Jesus é uma proposta universal, destinada a todos os povos, de todas as raças. O anuncio é muito claro: “O Reino de Deus está próximo de vós.” (Lc 10, 9). E as ações são as mesmas ações de Jesus: não ter nada, curar os doentes, aceitar hospedagem... O discípulo/missionário é chamado a continuar a missão de Jesus. O convite é feito a cada um de nós.

1.ConclusãoA Eucaristia é a fonte de vitalidade para todos nós. A Páscoa celebrada semanalmente nos ajuda a perceber que Jesus venceu a morte. Não podemos desanimar. Aparentemente parece que há um avanço do mal. Mas Jesus venceu o mal. Jesus venceu a morte. Aqui nos recarregamos para o enfrentamento diário e para anunciar esse novo tempo. Cantamos sempre: Enviai, enviai Senhor, enviai Senhor operários. Para a vossa messe, vossa messe... Pois a messe é grande. Pois a messe é grande e poucos são os operários. Operários enviai Senhor... Coloquemos no nosso coração essa certeza de que também somos chamados. Todos!


Fonte: Mons. Antonio Romulo Zagotto
catedral@dci.org.br