05/06/2012

Corpus Christi

1.      Todos os anos, na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, a Igreja celebra a Festa de Corpus Christi. O dia da instituição da Eucaristia, na verdade, é na Quinta-feira Santa, quando Jesus, na Ceia, dentro do ritual judaico da Páscoa, tomou o pão e disse: “Isto é meu Corpo que é dado por vós”. E depois tomou o cálice e disse: “Este é cálice do meu Sangue, que será derramado por vós”. Como o clima da Semana Santa nos impede de fazer festa com toda a honra que merece este tão grande mistério, a Igreja instituiu a festa de Corpus Christi, preparada pela florescente piedade eucarística do século IX. A procissão, depois da celebração, percorrendo as diversas ruas de nossa Comunidade, foi introduzida aos poucos. Tem-se notícia dela, em Roma, desde 1350. A Eucaristia é o centro e o fundamento de nossa vida cristã. “Ele esta no meio de nós!”, dizemos tantas vezes em nossas celebrações! Ele se faz comida e bebida para sermos também comida e bebida para todos.
2.      Na primeira leitura de hoje (Ex 24, 3-8) o texto descreve o rito da aliança sinaítica concluída entre Deus e o povo de Israel: Moisés apresenta aos israelitas os termos da aliança, isto é, as palavras do Senhor (= Decálogo) e todas as normas (v. 3a; 21,1-22,17) que regeneram a vida do povo. Israel aceita o pacto (v. 3b) e então Moisés, como intermediário, toma o sangue dos sacrifícios e une simbolicamente os dois contraentes: Deus, representado no altar (v. 6), e o povo (v. 8), que renovou sua promessa de obediência (v. 7). Sinal da aliança é o sangue de uma única vítima.  
3.      A segunda leitura (Hb 9, 11-15) no capitulo 9 da epístola aos Hebreus confronta o sacrifício de Cristo sacerdote-vítima, com o que é oferecido no grande dia da expiação. O resultado do sacrifício de Cristo é imensamente superior (quanto mais). Cristo, uma vez para sempre (9,28; 10,12), com um único sacrifício (v. 14;10,14), expiou nosso pecado (9,14-28;10,12) e nos tornou dignos de oferecer a Deus um culto espiritual (v. 14, 10,14; Rm 12,1; cf 32º - 33º domingo B: 2ª leitura). O de Cristo, porém, não é apenas um sacrifício de expiação (cf também Rm 3,25); pelo oferecimento do seu sangue é também um sacrifício-aliança (v 15 e narrativas da Ceia) e por sua morte um sacrifício-testamento que nos torna herdeiros da promessa (v. 15).
4.      O texto do Evangelho (Mt 14, 12-16.22-26) nos fala sobre o conceito de expiação, que aparece na 2ª leitura, volta agora na expressão derramado em favor de muitos (v. 24). Volta também o conceito de aliança (v. 24), que é reforçado pela idéia de comunhão: os discípulos preparam o banquete para comer e beber aquele pão e aquele vinho que Jesus lhes dá, depois de os ter tornado dignos dele, a vítima( cf 2ª leitura A).
5.      Diante da Eucaristia nos curvamos solenemente em ato de adoração profunda. Cristo deve ser adorado, pois é o nosso Deus. E a compreensão católica da presença real nos faz adorá-lo mesmo depois da Missa. E hoje temos a oportunidade de levá-lo em procissão pelas ruas de nossa cidade. Mas Jesus não está presente só na Eucaristia. Como nos diz a Introdução Geral ao Missal Romano, no número 27: “Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote que faz as vezes de Cristo, para celebrar o memorial do Senhor ou sacrifício eucarístico.  A esta assembléia local da santa Igreja se aplica eminentemente a promessa de Cristo: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18, 20). Com efeito, na celebração da Missa, em que se perpetua o sacrifício da cruz, Cristo está realmente presente: na própria assembléia congregada em seu nome, na pessoa do ministro, na sua palavra e, ainda, de uma forma substancial e permanente, sob as espécies eucarísticas.”. Jesus está presente também na pessoa do outro. Por isso o respeito pela dignidade da pessoa. Somos filhos e filhas. Irmãos e irmãs. Daí a nossa dignidade. É preciso comungar Jesus. Mas é preciso também comungar o irmão. Se não nossas Eucaristias serão incompletas.
6.       
Cristo Eucarístico renova no nosso coração todo o empenho de transformação!
Diante de tantas situações difíceis por que passamos,
Diante da violência, das guerras, da corrupção, do crime organizado,
Da miséria, do descaso para com a saúde do povo,
Do desemprego, da fome, da falta de escolas,
Dos abusos contra as mulheres, crianças e adolescentes,
Diante das angústias dos que moram nas periferias,
Dos sem terra, dos sem teto, dos sem pão, dos sem saúde,
Diante da destruição do meio ambiente,
Do aumento das diferenças entre ricos e pobres,
Oh! Vem abrir nossos olhos,
Peregrino de Emaús!
Diante de tantas situações de morte!
Renova no nosso coração o empenho pela vida,
Planta em nosso coração a semente da esperança,
Para que façamos acontecer “novos céus e nova Terra”,
Caminha conosco, Cristo Eucarístico Ressuscitado,
Envia-nos para o Mundo,
Abre também nossos olhos,
Para que sejamos construtores de uma nova sociedade,
Justa, solidária, acolhedora,
Por meio da ética, da cidadania e da promoção humana,
Mas, sobretudo pelo nosso testemunho de vida,
Para que, celebrando a Eucaristia de hoje, partilhemos contigo a Eucaristia definitiva.
Amém

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