Corpus Christi
1.
Todos os anos, na
quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, a Igreja celebra a Festa de
Corpus Christi. O dia da instituição da Eucaristia, na verdade, é na
Quinta-feira Santa, quando Jesus, na Ceia, dentro do ritual judaico da Páscoa,
tomou o pão e disse: “Isto é meu Corpo que é dado por vós”. E depois tomou o
cálice e disse: “Este é cálice do meu Sangue, que será derramado por vós”. Como
o clima da Semana Santa nos impede de fazer festa com toda a honra que merece
este tão grande mistério, a Igreja instituiu a festa de Corpus Christi,
preparada pela florescente piedade eucarística do século IX. A procissão,
depois da celebração, percorrendo as diversas ruas de nossa Comunidade, foi
introduzida aos poucos. Tem-se notícia dela, em Roma, desde 1350. A Eucaristia
é o centro e o fundamento de nossa vida cristã. “Ele esta no meio de nós!”,
dizemos tantas vezes em nossas celebrações! Ele se faz comida e bebida para
sermos também comida e bebida para todos.
2.
Na primeira leitura
de hoje (Ex 24, 3-8) o texto
descreve o rito da aliança sinaítica
concluída entre Deus e o povo de Israel: Moisés apresenta aos israelitas os
termos da aliança, isto é, as palavras do Senhor (= Decálogo) e todas as normas
(v. 3a; 21,1-22,17) que regeneram a vida do povo. Israel aceita o pacto (v. 3b)
e então Moisés, como intermediário, toma o sangue dos sacrifícios e une
simbolicamente os dois contraentes: Deus, representado no altar (v. 6), e o povo
(v. 8), que renovou sua promessa de obediência (v. 7). Sinal da aliança é o sangue
de uma única vítima.
3.
A segunda leitura
(Hb 9, 11-15) no capitulo 9 da epístola aos Hebreus confronta o sacrifício de
Cristo sacerdote-vítima, com o que é oferecido no grande dia da expiação. O resultado
do sacrifício de Cristo é imensamente superior (quanto mais). Cristo, uma vez
para sempre (9,28; 10,12), com um único sacrifício (v. 14;10,14), expiou nosso pecado
(9,14-28;10,12) e nos tornou dignos de oferecer a Deus um culto espiritual (v. 14,
10,14; Rm 12,1; cf 32º - 33º domingo B: 2ª leitura). O de Cristo, porém, não é
apenas um sacrifício de expiação (cf também Rm 3,25); pelo oferecimento do seu
sangue é também um sacrifício-aliança (v 15 e narrativas da Ceia) e por sua
morte um sacrifício-testamento que nos torna herdeiros da promessa (v. 15).
4.
O texto do
Evangelho (Mt 14, 12-16.22-26) nos fala sobre o conceito de
expiação, que aparece na 2ª leitura, volta agora na expressão derramado em
favor de muitos (v. 24). Volta também o conceito de aliança (v. 24), que é
reforçado pela idéia de comunhão: os discípulos preparam o banquete para comer
e beber aquele pão e aquele vinho que Jesus lhes dá, depois de os ter tornado
dignos dele, a vítima( cf 2ª leitura A).
5.
Diante
da Eucaristia nos curvamos solenemente em ato de adoração profunda. Cristo deve
ser adorado, pois é o nosso Deus. E a compreensão católica da presença real nos
faz adorá-lo mesmo depois da Missa. E hoje temos a oportunidade de levá-lo em
procissão pelas ruas de nossa cidade. Mas Jesus não está presente só na
Eucaristia. Como nos diz a Introdução Geral ao Missal Romano, no número 27: “Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado
e reunido, sob a presidência do sacerdote que faz as vezes de Cristo, para
celebrar o memorial do Senhor ou sacrifício eucarístico. A esta assembléia
local da santa Igreja se aplica eminentemente a promessa de Cristo: “Onde
estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18,
20). Com efeito, na celebração da Missa, em que se perpetua o sacrifício da
cruz, Cristo está realmente presente: na própria assembléia congregada em seu
nome, na pessoa do ministro, na sua palavra e, ainda, de uma forma substancial
e permanente, sob as espécies eucarísticas.”. Jesus está presente
também na pessoa do outro. Por isso o respeito pela dignidade da pessoa. Somos
filhos e filhas. Irmãos e irmãs. Daí a nossa dignidade. É preciso comungar
Jesus. Mas é preciso também comungar o irmão. Se não nossas Eucaristias serão
incompletas.
6.
Cristo
Eucarístico renova no nosso coração todo o empenho de transformação!
Diante
de tantas situações difíceis por que passamos,
Diante
da violência, das guerras, da corrupção, do crime organizado,
Da
miséria, do descaso para com a saúde do povo,
Do desemprego, da fome,
da falta de escolas,
Dos abusos contra as
mulheres, crianças e adolescentes,
Diante das angústias dos
que moram nas periferias,
Dos sem terra, dos sem
teto, dos sem pão, dos sem saúde,
Diante da destruição do
meio ambiente,
Do aumento das diferenças
entre ricos e pobres,
Oh!
Vem abrir nossos olhos,
Peregrino
de Emaús!
Diante
de tantas situações de morte!
Renova
no nosso coração o empenho pela vida,
Planta
em nosso coração a semente da esperança,
Para
que façamos acontecer “novos céus e nova Terra”,
Caminha
conosco, Cristo Eucarístico Ressuscitado,
Envia-nos
para o Mundo,
Abre
também nossos olhos,
Para
que sejamos construtores de uma nova sociedade,
Justa,
solidária, acolhedora,
Por
meio da ética, da cidadania e da promoção humana,
Mas,
sobretudo pelo nosso testemunho de vida,
Para
que, celebrando a Eucaristia de hoje, partilhemos contigo a Eucaristia
definitiva.
Amém
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