21/06/2010

UMA CARTEIRA DE IDENTIDADE

Introdução.
Quando nos perguntam sobre Jesus nem sempre temos respostas seguras. Contentamos-nos com a superficialidade de nossos conhecimentos iniciais de religião. Afinal quem é Jesus? O povão vai responder fazendo comparações – João Batista, Elias, um antigo profeta... Mas o discípulo, quem está perto, quem convive qual a resposta deve dar? “O Cristo de Deus.” Parece ser simplista. Mas não é. Tem o peso de toda a promessa cumprida por Deus para nos dar o Messias prometido. A palavra Cristo significa Ungido, do hebraico Messias. De Deus. Não auto-proclamado, mas revestido da autoridade divina. O que dá a Ele toda condição de ser o Redentor da humanidade. Tudo aponta para a cruz!

Promessas.
O texto da 1ª leitura (Zc 12, 10-11;13,1) faz uma promessa da regeneração espiritual do povo de Israel. Faz-nos perceber que vão chorar Jesus que levaram à morte. Mas essa morte é purificadora. Jesus, o prometido, vai sem medo em direção à cruz, pois sabe que é dali que vai brotar a salvação para a humanidade. O Espírito derramado (lembra Pentecostes!) de graça e de consolação, de piedade e súplica, para a ablução e purificação. Tudo isso brota da cruz.

Identidade.
a) Uma primeira pergunta: “Quem diz o povo que sou eu?” (Lc 9, 18).
João Batista, Elias, algum profeta antigo... A fantasia do povo até hoje não tem segurança de quem é Deus. Colam nele os mais diversos fenômenos naturais, paranormais e sobrenaturais. Se chover: é Deus quem manda. Um desastre: é Deus quem quer. Uma doença grave: é da vontade de Deus...
b) Uma pergunta para aos apóstolos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Lc 9, 20)
Uma resposta que compromete: “O Cristo de Deus”. Mas não basta declarar e aceitar que Jesus é o Messias; é preciso rever a idéia a respeito do Messias, o qual, para construir a nova história, enfrenta os que não querem transformações.
c) Um balde de água fria: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dia.” (Lc 9, 22)
Não adiante ficar entusiasmado e pensando ser esse o momento da conquista do poder material. Por isso, Jesus apresenta outra proposta: Ele vai sofrer, ser rejeitado e morto. Sua ressurreição será a sua vitória. E quem quiser acompanhar Jesus na sua ação messiânica e participar da sua vitória, terá que percorrer caminho semelhante: renunciar a si mesmo e às glórias do poder e da riqueza.

Três passos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga.” (Lc 9, 23).
a) Renuncia:
Deixar de lado os projetos humanos e assumir os projetos de Jesus. Jesus não que o poder material. Quer que o Reinado aconteça. Para isso é preciso conversão. “Eu vivo, mas já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim” (Ga 2,20).
b) Tomar a cruz de cada dia
A cruz aqui não é o sofrimento, as dores, as doenças. É assumir o projeto de Jesus para a salvação da humanidade. Como Cirineu, devemos assumir o levar o projeto de Jesus, junto com Ele para sermos também redentores da humanidade.
c) Seguimento
Na prática assumir o que Aparecida quer de nós. Discípulos = seguidores do Mestre. Missionários = propagadores da Boa Noticia do Mestre.

Conclusão.
A celebração eucarística é o momento privilegiado em que começamos a encarar a vida com lucidez e realismo. A celebração da morte do Senhor nos faz constatar que era necessário que ele morresse, mas que a morte conduz à vida. A assembléia eucarística faz sua essa aceitação da morte, para triunfar dela. Nosso compromisso não é seguir Jesus no triunfalismo, mas na proposta da implantação do Reino.

Fonte:Mons. Antonio Romulo Zagotto
catedral@dci.org.br

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